“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

terça-feira, 16 de abril de 2019

Fez, Marrocos - Egito e Marrocos 2019

Fez é uma cidade de extrema importância para o Marrocos por ser uma das mais antigas, ser a segunda maior do país atrás somente de Casablanca, ser o local da mais antiga universidade em funcionamento do mundo, ter sido capital até que durante o protetorado francês passou a ser Rabat, entre outras. Teve seu início como um povoamento berbere (povo do deserto) mas quando a Espanha expulsou os muçulmanos do sul do país mais de 8 mil famílias vieram para cá e juntaram-se a famílias árabes da atual Tunísia. Toda essa origem é mostrada na sua herança religiosa, cultural e arquitetônica.

O Marrocos possui 4 cidades imperiais, cidades que foram capitais das antigas dinastias, e Fez é uma delas, sua construção começou em 789 d.C.; as outras são Rabat, a atual capital, Marrakech e Meknès.

Começamos a nossa visita pela cidade explorando a colina que fica à frente das muralhas e onde está uma antiga fortaleza, a Southern Tower, um enorme cemitério  e uma visão geral desta que é considerada a maior medina do mundo árabe.

medina de Fez



Southern Tower

A medina de Fez, Fez el-Bali ou Fez a Velha, é a maior do mundo árabe, no interior de suas muralhas há mais 9.000 ruas e moram mais de 150.000 pessoas, uma região labiríntica onde é difícil a orientação, por isso é altamente aconselhável entrar com um guia. 

Começamos nossa visita pela parte alta através da bela Porta Azul ou Bab Bou Jeloud, a principal entrada da medina.



Parece um portal do tempo, dentro um mundo de cores, odores, animais, ruas estreitas e lugares inimagináveis porta fora.

Talla Kebira, uma rua com muito comércio




forno comunitário
Na parte central da medina fica a Mesquita Al Quaraouiyine, uma das maiores da África e onde fica a Universidade mais antiga do mundo. É muito difícil conseguir individualizá-la pois o bairro cresceu ao seu redor, também não é permitida a entrada de não muçulmanos mas pudemos avistá-la através do portão principal.





Contornando a mesquita pelas ruas comerciais


vemos outras salas



inclusive o pátio para purificação.


Próximo fica o Museu Nejjarine de Arte em Madeira que nos encantou muito mais por estar numa antiga hospedaria para comerciantes que usavam o térreo para pesar e vender seus produtos hospedando-se nos quartos dos andares acima.

entrada e a Fonte Nejjarine ao lado



No último andar um terraço com vistas da medina onde sobressai o minarete da Mesquita e o teto verde piramidal.




Outro destaque da medina é a Madrassa Bou Inania, escola religiosa construída entre 1.350 e 1.357 que possui sua própria mesquita e minarete.






Outro grande ponto de interesse é o Curtume com seus tanques de tinta rodeados por lojas de cujos terraços temos um vista ampla do local. O odor do couro não é nada agradável mas oferecem uns raminhos de hortelã para facilitar. Os artigos são ótimos mas não são baratos.




quem não lembra dessas imagens na novela "O Clone"
Nas medinas as ruas são estreitas com paredes altas e a entrada de sol é pouca tornando o ambiente sempre mais frio


e o único meio de transportar mercadorias são os burros, aliás muito usados em todo o país.



A medina de Fez é protegida pela UNESCO para preservar a cultura antiga e transmitir os conhecimentos do artesanato de geração a geração mas somente um artesanato foi retirado do local, a produção de peças em cerâmica, pelo risco de incêndios. Visitamos uma fábrica e adoramos não só os produtos mas como todo o processo.




esta compramos
Visitamos também a produção de tapetes e tecidos mas nos agradou muito o trabalho de filigranagem, peças maravilhosas com o a de baixo, já podemos tomar muito chá.


Outro detalhe que muito nos impressionou foi a riqueza do interior de alguns lugares que por fora ninguém imaginaria, ditado marroquino "a riqueza fica dentro da casa".

entrada do nosso hotel
interior







o restaurante onde almoçamos







a arte de servir o chá
Fora da medina fica o Palácio Real, residência da família real quando está na cidade, construído no séc. XIV. Ao redor acabou surgindo uma nova medina, Fez el-Jdid, e nas proximidades está o Bairro Judeu que já teve muita importância. É proibida a entrada mas pudemos ver as impressionantes portas de tamanhos diferentes que são em número de sete, sete dias da semana, sete níveis da monarquia. As portas em bronze são mais uma evidência do trabalho artesanal dos marroquinos pois apresenta pedaços de cerâmica incrustados nas cores azul, cor da cidade, e na cor verde, cor do Islã.





Um mundo velho mas novo para nós com todo o seu encanto e história.



























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